sábado, 2 de março de 2013

Passeios mágicos: Ilhas de Ratones e Anhatomirim

    Oi pessoal, como estão vocês? 
Vista da Ponte Hercílio Luz a partir do barco em que estávamos
  Hoje venho até o Risadas para dar uma dica de passeio sensacional para vocês manezinhos que, assim como eu, com o fim da temporada correm para aproveitar os diversos cantos da ilha que em época de veraneio permanecem lotados até dizer chega. Hoje, no caso, vou falar das Ilhas de Ratones e Anhatomirim que ficam a cerca de 2 horas de barco, saindo da cabeceira da Ponte Hercílio Luz, no centro de Florianópolis. 
Chegada de Ratones
Casario em arquitetura moura - Ratones
Imagem do que seria uma cozinha num passado remoto deste casario
  A dupla Lau teve a oportunidade de conhecer estes dois lugares encantadores em maio do ano passado, fazendo visita com o colégio em que estudamos, o que foi muito legal! Só o trajeto já vale muito a pena, porque são águas limpas, calmas e bem azuis, sendo que passamos por umas ilhas menores espalhadas pelo mar que são um espetáculo e tanto. Após 1 hora e meia de percurso, o nosso guia mandou desligar o motor do barco pois ali por perto estavam os botos e, para podermos observá-los bem de perto seria necessário silêncio absoluto. Os botos que avistamos foram o sotalia guianenses, popularmente conhecido como boto-cinza e que habita a região da América do Sul e Central. 
Canhão em Ratones
   Ao chegarmos na Ilha de Santo Antônio de Ratones nosso guia nos explicou que a arquitetura local era de origem moura  (os mouros foram as populações islamizadas no noroeste africano, responsáveis pela invasão islâmica na Europa, no século VIII). Diversos elementos dessa arquitetura singular estavam representados ao longo da ilha, como uma fonte logo na entrada, um túnel, o chão e as paredes feitos de pedra, a casa do comandante, a cozinha, o forno, os jardins, a portada, o aqueduto... Vimos até mesmo o cemitério, onde diversos corpos da época do conflito armado e também de leprosos que foram isolados na ilha para a espera da morte no século XIV, estão enterrados. Mas antes dessa época dos portadores da doença habitarem a ilha, ela teve muito mais história. Tudo começou quando os europeus ocuparam a Ilha de Santa Catarina (nossa atual Florianópolis) e sentiram a necessidade de proteger o litoral catarinense, para tanto, mandaram um representante para erguer quatro fortificações: o brigadeiro José da Silva Paes. Paes ergueu a fortaleza de Ratones entre 1770 e 1774, sendo o terceiro vértice do triângulo de fogo idealizado para combate. Diz a lenda, que o espanhol Álvar Nuñez Cabeza de Vaca, ao chegar bêbado até as proximidades da ilha, julgou que ela teria o formato de um rato, dando assim o nome de Ratones. Conta-se que quando o povo começou a habitar Ratones, a vida era muito difícil, porque se localizava longe demais do grande centro e os trabalhos para finalizar a construção eram muito duros, como por exemplo, as formas das telhas eram as coxas daqueles que a construíam. Uma construção que nos chamou a atenção foi a Casa do Comandante, feita de alvenaria de pedra e cal, tendo sido reformada mas mantendo diversos trechos da alvenaria original. A cozinha desta casa tem diversos vestígios daquela época, como o piso de pedras irregular, os restos do forno e fogão colonial, entre outros. Até hoje é possível observar a riqueza das construções e conseguir ter ideia do quão difícil foi o processo de erguimento. Depois de certo tempo de uso, a fortaleza foi sendo deixada de lado e o mato cresceu em volta das casas... Porém, a UFSC teve a iniciativa de restaurar um dos pedacinhos mais ricos da história catarinense e, em 1982, começaram o processo. Foi lançada uma campanha pública em que, durante um ano, dezenas de pessoas iam todos os sábados até a ilha fazer a limpeza e reforma. Até que, entre 1990 e 1991, a UFSC se envolveu mais ainda e promoveu maiores melhorias na estrutura das construções em si. 
Nossa turma no pórtico de entrada de Anhatomirim
Construção em Anhatomirim
   Após vermos todos os detalhes de Ratones, rumamos até a Ilha de Anhatomirim, que nos aguardava com tantos outros encantos. As construções foram todas idealizadas pelo já citado Brigadeiro José da Silva Paes, que construiu a Fortaleza de Santa Cruz (em Anhatomirim), Santo Antônio (em Ratones), São José (na Ponta Grossa, norte de Santa Catarina) e Nossa Senhora da Conceição (na ilha de Araçatuba), sendo que as três primeiras formavam o chamado “sistema defensivo triangular”, pois elas formavam um triângulo no mapa e defendiam a entrada da Barra Norte da Ilha de Santa Catarina. A ilha ainda foi a 1ª sede administrativa do governo de Santa Catarina. Além de bonitas e conservadas, essas construções foram erguidas há 260 anos, e resistiram a ataques espanhóis, revoltas e revoluções, e por incrível que pareça, permanecem inteirinhas!Nosso guia também comentou sobre a pesca de baleia, que hoje em dia é proibida aqui no Brasil, desde 1986, mas naquela época não era, afinal de contas a baleia tinha praticamente todas as suas partes utilizadas, nas mais diversas tarefas. Sua carne, apesar de não ser tão apreciada, era comercializada; as barbatanas faziam espartilhos; e o mais famoso, óleo de baleia, era utilizado para fazer, desde sabão, até margarina, servindo também como combustível para iluminação de casas e ruas, lubrificante de instrumentos delicados, velas, cosméticos, detergentes, vitaminas, entre outros. Aqui no Brasil, também era utilizado como argamassa para apoiar tijolos e blocos de pedras em diversas construções. Na ilha, havia uma espécie de túnel onde, diz a lenda, quem nele entra, depois de 24h muda de sexo, será que é verdade? Decidimos não arriscar. Outra lenda, diz respeito a uma árvore, parecida com uma goiabeira, que seria a “árvore dos enforcados”, pois, com seus galhos, daria de enforcar uma pessoa. Se a pessoa fosse boa, após sua morte só traria luz, já se fosse ruim, incomodaria os vivos, depois de ter partido. Lenda ou não, preferimos passar longe da árvore. Havia, algum tempo atrás, um projeto de restauração da ilha, para que a Universidade Federal de Santa Catarina implantasse nos prédios, aquários, laboratórios de pesquisa e museus, para que fosse criado um Centro de Estudos de Biologia Marinha. Pelo visto, o projeto não seguiu adiante, uma pena! 
As amigas blogueiras Siry e Magal no barco 
   Este texto foi voltado para a parte mais histórica destas ilhas e sei que vocês devem ter ficado com muita vontade de conhecer, não é mesmo? Os preços são a partir de R$50,00 o trajeto de barco, mais a tarifa de entrada nas ilhas (esse dinheiro é destinado à UFSC que se encarrega da manutenção das ilhas) e mais almoço que pode ser feito em restaurantes de Governador Celso Ramos. Para mais informações vocês podem consultar o site da Scuna Sul, empresa mais conhecida no ramo desses passeios e a qual a dupla Lau usou em nosso passeio até lá: http://www.scunasul.com.br/ 
   Espero que tenham gostado da dica!
                                                                                                    Até breve,
                                                                                                                 Siry :)
                                                                                                                                                     
OBS: As fotos ao longo da postagem são do acervo de Siry e Magal, quando visitamos estes destinos. 
   
  

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