Olá, leitores, como vão?
Hoje eu vim falar daqueles programas de
televisão que, como diz o título, se
espremer, sai sangue!
Mas quem são eles? São intitulados de
telejornais, mas só passam desgraça; o apresentador sua, grita, pula, e, se for
preciso, se joga no chão, tudo para dar mais drama ênfase para a notícia.
Nesses programas, também chamados de
sensacionalistas, o telespectador não vê uma notícia de que tal rua foi
asfaltada, de que tal bebê que nasceu com 1,5kg passa bem ou que um grupo de
palhaços voluntários foi até um hospital alegrar crianças. Não. São
transmitidas notícias de chacina no Morro do Mocotó, crime hediondo cometido
por filha contra idosa, traficante mata 25 viciados que o deviam e por aí
vai...
Bom, acho que já deu
de entender de que tipo de jornal eu falo, né? Com certeza na sua emissora
local deve ter pelo menos um desses.
Outra coisa que
identifica os sensacionalistas é o fato de o apresentador – geralmente sem ser
graduado - ficar circulando por um estúdio com imagens distorcidas de carros de
polícia e cadeias no fundo e uma telona onde ele mostra as matérias, geralmente
feitas por jornalistas que sonham em ser como o “âncora”, ou, as mais
polêmicas, são feitas por ele próprio, para gerar mais Ibope. E a musiquinha,
como esquecer a musiquinha de fundo? Ou é a sirene de um carro de polícia, ou,
quando é mostrada uma reportagem sobre uma mulher que perdeu o marido e os 7
filhos por causa das drogas, é tocada aquela musiquinha de drama.
Uma das matérias mais
batidas é aquela em que o repórter finge estar ao vivo dentro de um helicóptero
que sobrevoa uma área de guerra entre polícia e traficante. Poxa, esses dias aí
já não morreu um cinegrafista por causa de uma bala perdida em uma dessas
guerras? O que é que esses homens – e mulheres – ainda vão pra lá? Parece até
que eles estão pedindo pra alguém atirar neles, pro programa ficar ainda mais
apelativo. Matérias ainda mais batidas são aquelas em que aparece uma frase no
canto inferior da tela do tipo “EM BUSCA DE JUSTIÇA: HOMEM MATA LADRÃO QUE
TENTOU VENDER SUA MULHER E SEU FILHO PARA CONSEGUIR DROGAS” e aí fica repetindo
uma única cena, gravada pelo celular, de 12 segundos – que é a única que o
canal tem – em quanto o âncora fica repetindo “O QUE É ISSO MINHA GENTE, EM QUE
PAÍS VIVEMOS? PENA QUE ESSE HOMEM JÁ TÁ MORTO, PORQUE ELE IA SE VER COMIGO, blá
blá blá” e o repórter, fica tentando falar “Pois é Augusto, você pode ver aí a
imagem que nós conseguimos; nós tentamos até conversar com o senhor que cometeu
o assassinato mas ele não quis falar conosco”. É claro que ele não quis falar
com vocês, afinal de contas, vocês iam distorcer tudo que ele ia falar mesmo!
Sátira feita pelo canal Multishow |
Gente, eu não quero
dizer que não pode passar desgraça na televisão, não é isso. Ao contrário, eu
acho que dependendo de ser desgraça ou não, tudo quanto é notícia que seja
relevante para a população, tem que ser exibida; seja ela para alertar, seja
para prevenir, para que o público se mantenha informado, enfim. Eu só não
concordo que os “jornalistas” que fazem as matérias, juntamente com o tal
âncora, se aproveitam da desgraça alheia para gerar Ibope para as emissoras.
Sabe, parece que literalmente, se espremer, sai sangue desses programas, eles
fazem perguntas indelicadas, destorcem as respostas, usam as pessoas – e os
sentimentos delas - para impressionar os telespectadores de que eles são os
donos da verdade, de que se fossem eleitos deputados... Nossa, como tudo
mudaria!
Bom, se vocês querem um conselho: tentem ver o
lado positivo da vida, nem tudo é desgraça!
Hasta luego,
Magal
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