quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Se espremer, sai sangue!


  Olá, leitores, como vão?
  Hoje eu vim falar daqueles programas de televisão que, como diz o título, se espremer, sai sangue!

  Mas quem são eles? São intitulados de telejornais, mas só passam desgraça; o apresentador sua, grita, pula, e, se for preciso, se joga no chão, tudo para dar mais drama ênfase para a notícia. Nesses programas, também chamados de sensacionalistas, o telespectador não vê uma notícia de que tal rua foi asfaltada, de que tal bebê que nasceu com 1,5kg passa bem ou que um grupo de palhaços voluntários foi até um hospital alegrar crianças. Não. São transmitidas notícias de chacina no Morro do Mocotó, crime hediondo cometido por filha contra idosa, traficante mata 25 viciados que o deviam e por aí vai...
Bom, acho que já deu de entender de que tipo de jornal eu falo, né? Com certeza na sua emissora local deve ter pelo menos um desses.
Outra coisa que identifica os sensacionalistas é o fato de o apresentador – geralmente sem ser graduado - ficar circulando por um estúdio com imagens distorcidas de carros de polícia e cadeias no fundo e uma telona onde ele mostra as matérias, geralmente feitas por jornalistas que sonham em ser como o “âncora”, ou, as mais polêmicas, são feitas por ele próprio, para gerar mais Ibope. E a musiquinha, como esquecer a musiquinha de fundo? Ou é a sirene de um carro de polícia, ou, quando é mostrada uma reportagem sobre uma mulher que perdeu o marido e os 7 filhos por causa das drogas, é tocada aquela musiquinha de drama.
Uma das matérias mais batidas é aquela em que o repórter finge estar ao vivo dentro de um helicóptero que sobrevoa uma área de guerra entre polícia e traficante. Poxa, esses dias aí já não morreu um cinegrafista por causa de uma bala perdida em uma dessas guerras? O que é que esses homens – e mulheres – ainda vão pra lá? Parece até que eles estão pedindo pra alguém atirar neles, pro programa ficar ainda mais apelativo. Matérias ainda mais batidas são aquelas em que aparece uma frase no canto inferior da tela do tipo “EM BUSCA DE JUSTIÇA: HOMEM MATA LADRÃO QUE TENTOU VENDER SUA MULHER E SEU FILHO PARA CONSEGUIR DROGAS” e aí fica repetindo uma única cena, gravada pelo celular, de 12 segundos – que é a única que o canal tem – em quanto o âncora fica repetindo “O QUE É ISSO MINHA GENTE, EM QUE PAÍS VIVEMOS? PENA QUE ESSE HOMEM JÁ TÁ MORTO, PORQUE ELE IA SE VER COMIGO, blá blá blá” e o repórter, fica tentando falar “Pois é Augusto, você pode ver aí a imagem que nós conseguimos; nós tentamos até conversar com o senhor que cometeu o assassinato mas ele não quis falar conosco”. É claro que ele não quis falar com vocês, afinal de contas, vocês iam distorcer tudo que ele ia falar mesmo!
Sátira feita pelo canal Multishow
Gente, eu não quero dizer que não pode passar desgraça na televisão, não é isso. Ao contrário, eu acho que dependendo de ser desgraça ou não, tudo quanto é notícia que seja relevante para a população, tem que ser exibida; seja ela para alertar, seja para prevenir, para que o público se mantenha informado, enfim. Eu só não concordo que os “jornalistas” que fazem as matérias, juntamente com o tal âncora, se aproveitam da desgraça alheia para gerar Ibope para as emissoras. Sabe, parece que literalmente, se espremer, sai sangue desses programas, eles fazem perguntas indelicadas, destorcem as respostas, usam as pessoas – e os sentimentos delas - para impressionar os telespectadores de que eles são os donos da verdade, de que se fossem eleitos deputados... Nossa, como tudo mudaria!

Bom, se vocês querem um conselho: tentem ver o lado positivo da vida, nem tudo é desgraça!

Hasta luego,
Magal

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